Juventus: de um time fabril a uma pujança esportiva


Equipe e dirigentes do Cotonifício Rodolfo Crespi – década de 20

1924 – Fundação

O Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. foi fundado no ano de 1924 em uma modesta salinha, fruto da fusão do Extra São Paulo F.C. e do Cavalheiro Crespi F.C. tradicionais clubes da várzea do bairro da Mooca formado por empregados da fábrica de tecidos da família Crespi.

Na ocasião decidiu-se por manter as cores do Extra São Paulo – vermelho, preto e branco – como sendo as oficiais da nova agremiação, aproveitando deste clube a maioria dos jogadores que já gozavam de certo prestígio nos “campinhos do bairro”.

Em contrapartida, o Cavalheiro Crespi F.C. cedeu a sua sede social – localizada na Rua dos Trilhos, nº 42 (antigo), preservando como data simbólica de fundação do clube o dia 20/04/1924.

1925 – Campo da Rua Javari

No dia 24/04/1925, o Cavalheiro Rodolfo Crespi ofertou a esta nova agremiação que tanto honrava o bom nome de sua fábrica no cenário esportivo um amplo terreno situado na Alameda Javry, nº 117 – atual Rua Javari – a fim de que naquele espaço, utilizado como cocheira de cavalos, fosse desenvolvida a prática do futebol em franca popularização na cidade em condições melhores e mais dignas.

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Estádio da rua Javry – década de 30

1929 – Campeão Paulista

Uma campanha fantástica realizou o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. na conquista do título de Campeão Paulista da 2º Divisão no ano de 1929. Foram 16 partidas, 13 vitórias, 02 empates e 01 derrota, com 46 gols marcados e apenas 13 gols sofridos.  No dia 26/01/1930 o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. venceu por 1 x 0 a A.A. Republica no Estádio da Rua Javari, gol marcado por Piccinin. Com esta conquista, o clube fora convidado a participar da Divisão Principal do Futebol Paulista.

1930 – Mudança de nome: Nasce o Imortal Clube Atlético Juventus

No dia 19/02/1930, em Assembléia Geral Extraordinária, a diretoria do clube da Mooca resolveu mudar o nome da agremiação. Saía de cena o romântico Cotoníficio Rodolfo Crespi F.C. e surgia o imortal Clube Atlético Juventus. A sugestão do novo nome partiu do Conde Rodolfo Crespi. As cores oficiais do clube passam a ser grená e branco.

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Cerimônia de mudança de nome para Juventus – 1930

1930 – Uniforme do C.A. Juventus

Originalmente, os diretores do C.A. Juventus pretendiam usar as mesmas cores do uniforme da Juventus da Itália – preto e branco. Este fato criou um impasse, pois grande parte dos filiados dessa divisão – Corinthians – Ipiranga – Santos e outros – já ostentavam estas mesmas cores. Diante dessa situação o C. A. Juventus, sem opção, procurou não aderir às cores já existentes nas demais agremiações, muito menos as suas cores tradicionais: o preto, vermelho e branco, cores estas também adotadas pelo extinto São Paulo da Floresta e S.C. Internacional.

Procurou-se, então uma cor sem semelhantes em clubes daquela divisão. Por sugestão de seu maior benfeitor Conde Rodolfo Crespi, que já havia sugerido a modificação do nome do clube para o de sua preferência na Itália – a Juventus – acabaram por optar pelas cores grená e branco, cuja semelhança tratava-se justamente da outra equipe da mesma cidade de Turim, o Torino.

Nesse momento as cores oficiais do C.A. Juventus passaram a ser a grená e o branco, as quais permanecem até os dias de hoje.

1930 – Estreia na Elite

O histórico dia 16/03/1930 marcou a estréia na elite do futebol estadual. Clube Atlético Juventus e Santos F.C. se enfrentaram no Estádio da Vila Belmiro, em Santos-SP em partida válida pelo Campeonato Paulista da Divisão Principal. O resultado não foi dos melhores para os juventinos: derrota por 6 x 1. Porém, não havia motivo para desânimo ou tristeza. O sonho maior de estar entre os grandes já era uma doce realidade para aquele grupo de abnegados e apaixonados juventinos. O C.A. Juventus entrou em campo com a seguinte formação: José (G), Berti, Segalla, Romeu, Túllio (capitão), Rafael, Raul, Balista, Moacyr, Bellacosa, Pedro. Técnico: Anniello Annunziato. O primeiro gol juventino na história do Paulistão foi marcado pelo avante Piccinin.

1930 – Surge O Moleque Travesso

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No dia 14 de setembro de 1930, um fato marcante entraria para todo sempre na história do Clube Atlético Juventus. Disputando pela primeira vez a elite do futebol profissional, o Garoto – como era conhecido o Juventus – surpreendeu a todos ao vencer a forte equipe corintiana em pleno Parque São Jorge por 2 a 1, gols marcados por Nico e Piola. Nascia alia um fatalismo e um apelido. Surgia a mística do Moleque Travesso, imortalizada nas palavras do inesquecível jornalista esportivo Tomas Mazzoni, que batizou o feito do novato time da Mooca como uma travessura de um moleque que ousou vencer um gigante em seus próprios domínios.

Nesta data histórica o Juventus atuou com: José (G), Berti, Segalla, Luizinho, Dudu. Raphael, Vazio, Nico, Raul, Piccinin e Piola.

1932 – Máquina Juventina

A melhor campanha do Juventus em toda história do Campeonato Paulista da Divisão Principal aconteceu em 1932. O Juventus figurou como um fortíssimo candidato ao título. Sua equipe formada por: José (G), Segalla, Piola, Joãozinho, Brandão, Rafael, Vazio, Nico, Orlando, Moacyr, Hércules. Técnico: Raphael Liguori, Os juventinos e a imprensa do passado batizaram esta equipe grená como “OS INESQUECÍVEIS” ou “MÁQUINA JUVENTINA”.

1934 – Campeão Amador

Instaurando-se o profissionalismo no futebol, o Juventus licencia-se das competições oficiais. Entretanto, com a denominação de Clube Atlético Fiorentino – camisetas grenás e uma flor de lis branca no peito como escudo – disputa o Campeonato Paulista Amador, promovido pela Federação Paulista de Futebol, entidade filiada a CBD – Confederação Brasileira de Desportos.

O C.A. Fiorentino não teve dificuldades para vencer um a um os seus adversários e conquistar, por antecipação e de forma invicta, o título de Campeão Paulista Amador de 1934, no dia 02/09/1934, ao bater a Ponte Preta de Campinas na Rua Javari por 5 a 3, gols marcados por Euvaldo, Euclydes, Raul, Bellacosa, Moacyr. Este resultado credenciou o C.A. Fiorentino, Campeão Paulista Amador, para a disputa da final do Campeonato Estadual promovido pela FPF numa melhor de três partidas diante da Ferroviária de Pindamonhangaba, Campeã Amadora do Interior. Com expressivas vitórias por 5 a 0 e 3 a 1, o C.A. Fiorentino sagrou-se Campeão Estadual Amador de 1934. A finalíssima aconteceu no dia 28/10/1934 no Estádio da Rua Javari.

O Fiorentino formou com: Tito (G), Segalla, Bellacosa, Joãozinho (Itália), Dudu, Gongora, Sabratti, Euclydes, Raul, Moacyr, Euvaldo. Sabratti e Raul (2) marcaram para o Fiorentino. Guedes fez o único gol da equipe do interior paulista. Raul da Rocha Soares, que na vitória por 5 a 0 em Pindamonhangaba já havia marcado três gols, foi carregado em triunfo pelos torcedores.

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Equipe e dirigentes do Fiorentino

1935 – Ingresso no profissionalismo

Com uma equipe renovada, o Juventus disputa o seu primeiro Campeonato Paulista da era do Profissionalismo.

1940 – Campeão do Pacaembu

No dia 01/05/1940 foi organizado o Torneio Relâmpago do Pacaembu, em comemoração ao novo estádio municipal. Eliminando o Hespanha (Santos) e o Santos, o C.A. Juventus credenciou-se para grande final programada para 05/05/1940 diante da Portuguesa de Desportos.
O Moleque Travesso entrou disposto a mostrar o seu valor e goleou a Lusa por fulminantes 3 a 0, gols marcados por Ferrari, Danilo, Neves. Um título inesquecível. O C.A. Juventus atuou com a seguinte formação: Roberto (G), Ditão, Tito, Ovídio, Sábia, Nico II, Ferrari, Cafelândia (Badi), Danilo, Aurélio, Neves. Técnico: Nico

A espetacular assistência – cerca de 50.000 pessoas – que lotava as dependências do Pacaembu para assistir a final do Torneio de Campeões entre Palestra Itália e Corinthians vibrou e aplaudiu de pé a conquista juventina, que fez da equipe grená o Primeiro Campeão do Pacaembu.

1941 – Inauguração do Estádio Conde Rodolfo Crespi

O Clube Atlético Juventus realizou no dia 13/07/1941 a inauguração do seu novo estádio num grandioso festival esportivo. Na partida preliminar as equipes do Nacional e do Ypiranga se enfrentaram. Na partida principal enfrentaram-se Juventus e Corinthians. O placar do jogo terminou em 3 x 1 em favor dos alvi-negros. Ferrari de pênalti fez o primeiro gol juventino em sua nova casa. A equipe do bairro da Mooca foi a seguinte: Roberto (G), Guimarães, Sordi (Ditão), Paulo, Sábia, Nico II (Laurindo), Oswaldinho, Ferrari, Jair (Renato), Walter, Robertinho. Técnico: Raul da Rocha Soares.

1950 – Família Crespi se afasta

No inicio dos anos 50, o Juventus passou por um dos momentos mais difíceis de sua história. Após quase trinta anos, a família Crespi se afasta da diretoria do clube após a cogitar  uma fusão com a Ponte Preta de Campinas, a qual foi recusada pelo Conselho Deliberativo grená.

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Delegação do Juventus com o Papa Pio XII – 1953

1953 – Excursão a Europa e Título Interestadual

Pela primeira vez na história do clube, o Juventus realiza uma temporada internacional numa excursão à Europa realizando partidas memoráveis na Itália, Espanha, Suécia, Alemanha, Suíça, Áustria e na antiga Iugoslávia.
Para coroar o ano, o Juventus vence o Torneio Interestadual Jânio Quadros, ao vencer a Portuguesa Santista por 1 a 0.

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Foto Revista Rekord da Suécia

Juventus x Las Palmas 1953

Foto UD Las Palmas/ Marcos Caiafa

1956 – Nova temporada internacional

O Juventus realiza uma marcante excursão na Argentina, onde enfrentou importantes equipes daquele país entre as quais a o famoso Boca Juniors-ARG.