Antonio Lima dos Santos

Posição: Meio-Campo

Principais Clubes: Juventus (1959 a 1960), Santos (1961 a 1971)

Entrevista:

Antonio Lima dos Santos, mas bem que poderia ser do Juventus. É assim que um dos jogadores mais brilhantes do futebol brasileiro brinca com seu nome ao referir-se ao time que o projetou profissionalmente. Lima, um dos mais famosos curingas do futebol brasileiro, teve uma breve passagem pelo Juventus, porém de importância fundamental para a carreira do craque, “tenho muito carinho pelo Juventus, foi o clube que me proporcionou a oportunidade de ser profissional, foi onde minha história no futebol começou”, completa Lima.

Lima começou a jogar futebol ainda menino nos campos de várzea do Belém, bairro da zona leste paulistana. Com apenas 16 anos atuava por times como Luso Nacional, Filépo, Marabá, Leão do Norte e Águia Branca. Na vida do então garoto Lima, o futebol já era algo intenso, “quando atuava na várzea, chegava a jogar duas partidas por dia em equipes diferentes”, revela o craque que desde essa época já apresentava sua característica e notável polivalência para o futebol.

Após ser descoberto por um ex-jogador do Juventus chamado Osvaldinho, Lima recebeu a proposta de um teste para as categorias de base do Juventus, e como não poderia ser diferente, passou nas seletivas e em 1958 passou a atuar no Infantil, Juvenil e no Aspirantes do clube.

A grande chance de atuar na equipe profissional aconteceu em 1959, quando Bauer, o então treinador da equipe principal grená, o viu treinar no Campo Distrital da Mooca, local onde ocorria a preparação das equipes de base do Juventus. Lima chamou a atenção do treinador e logo veio o convite para integrar o elenco profissional, no entanto, o jovem de 17 anos tinha como início em sua carreira um desafio dos grandes.

A estréia de Lima na equipe principal foi justamente em um momento delicado para o Juventus, pois o clube disputaria com mais duas equipes o direito de permanecer na primeira divisão do futebol paulista, tal série de jogos era conhecida como “o torneio da morte”.

“Sob aquela pressão nos saímos bem, no primeiro jogo ganhamos de 1×0 do América em Rio Preto, depois empatamos com o Corinthians de Presidente Prudente em 1×1 no campo do adversário e depois vencemos o mesmo Corinthians PP por 1×0 na Javari, fato que descartou a possibilidade de um outro jogo com o América pois com essa vitória tínhamos nos salvado do rebaixamento”, explica Lima.

Lima honrou a camisa 5 grená atuando como volante, após o treinador Bauer deslocar Cássio, que jogava na posição, para a meia-esquerda. Embora futuramente Lima se destacasse como um dos mais versáteis jogadores do futebol por representar a figura do curinga, jogador que atua em todas as posições, no Juventus o craque atuou apenas como volante, “é curioso o fato de ter atuado no Juventus em apenas uma posição já que mesmo quando garoto, na várzea, já desempenhava o papel de curinga, no Santos, por exemplo, onde joguei após sair do Juventus, só não atuei com a camisa 1”, afirma.

 

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Na partida em que Pelé marcou o que considera seu gol mais bonito, aquele em que na lendária Javari o Rei emenda uma seqüência de chapéus antes de concluir para as redes, Lima jogava pelo Juventus e conta um fato interessante ocorrido durante o jogo, “o Pelé naquele dia não estava jogando bem, fazia uma partida lenta, a torcida então começou a provocá-lo com vários xingamentos e gozações, de repente, Pelé olha para a torcida do Juventus e faz um sinal como quem pede para esperar, foi como despertar uma fera, logo depois saiu o magnífico gol”.

Na época em que Lima começou a brilhar nos gramados paulistas, havia o Campeonato Brasileiro de seleções estaduais, a competição era de grande visibilidade e contava com grandes craques do futebol brasileiro. Em 1960 Lima foi convocado juntamente com Wilson Buzzone, outro importante craque da história do Juventus, para a Seleção Paulista que disputou o Brasileiro de seleções daquele ano. Lima, então com 18 anos recém completados, integrou um elenco que entre outros nomes imortais do futebol tinha como base o fantástico time do Santos. O craque do Juventus logo estabeleceu uma grande amizade com os jogadores do Santos, “nesse time eu ocupava a reserva de Zito, que após participar do primeiro jogo da seleção em São Paulo, simulou uma contusão para que no segundo jogo da equipe que seria em Minas com a seleção mineira eu tivesse a oportunidade de atuar. Foi um ato de extrema generosidade que eu aproveitei fazendo dois gols naquela partida, vencemos os mineiros por 4×2”. Lima completa revelando uma promessa que mais tarde se concretizou, “o Zito durante aquele período em que convivemos juntos na seleção me garantiu que em breve me levaria para o Santos, após um ano já estava na equipe praieira”.

 

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Lima jogou no Juventus até 1960 com o que se conhece como contrato de gaveta, tratava-se de um acordo entre o clube e o jogador que apenas apresentava garantias para uma futura contratação remunerada, contudo, nesta época, Lima era um atleta amador que integrava a equipe principal do Juventus. Porém, como Lima se destacava cada vez mais por seu futebol, começaram as especulações para uma provável convocação para a seleção brasileira olímpica que disputaria os Jogos de Roma de 1960.

O craque conta como tal fato foi determinante para, enfim, se tornar um jogador profissional remunerado, “em 1960 pelo fato de ser jogador amador (apenas amadores podiam jogar as olimpíadas) e ter feito boas atuações no Juventus, estava bem cotado para integrar a seleção que disputaria os Jogos Olímpicos de Roma, com isso também foram criadas expectativas de uma possível transferência para o futebol italiano, diziam que se fosse para Olimpíada certamente ficaria na Europa contratado por algum clube. Como o Juventus tinha interesse em contar comigo, para afastar qualquer hipótese de eu jogar a olimpíada de Roma e ficar por lá mesmo, acabou com o contrato de gaveta e me efetivou como profissional”.

Porém, no início de 61 não havia mais como segurar o jovem craque na Javari e a promessa de Zito se realizou de maneira muito surpreendente para Lima. “Estava jogando uma partida pelo Juventus contra a Ferroviária de Assis, quando inesperadamente o treinador da equipe, Bauer, me substituiu. Ao caminhar para o vestiário, um repórter da rádio local me perguntou como me sentia em ser o mais novo jogador do Santos. Fiquei totalmente surpreso já que não sabia absolutamente nada a respeito, ou seja, um furo do repórter me trouxe a novidade sobre minha carreira”.

 

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Lima afirma que só ficou ciente da contratação de maneira oficial quando a equipe grená voltava de trem para a capital, “durante a viajem o treinador me chamou para jantar e me revelou sobre a transferência”, conta o craque.

Após jogar numa das equipes mais geniais da história do futebol mundial, o Santos da década de 60, Lima foi contratado em 1971 pelo Jalisco Gadalajara, do México. Por lá permaneceu até 74, quando voltou ao Brasil para atuar pelo Fluminense.

O craque também teve uma passagem pelo futebol dos Estados Unidos em 1975, antes de encerrar sua carreira como jogador na Portuguesa Santista.

Lima, que recentemente foi treinador da equipe Sub-15 do Santos, agora trabalha no departamento de marketing da equipe do litoral, coordena o projeto de Escolinha do Santos que tem como objetivo levar franquias mundo a fora. Já levou a Escolinha de futebol ao Cairo (Egito), Canadá e em junho embarca para o Japão. Como se pode perceber, o eterno curinga continua sua saga polivalente a serviço do futebol.

 

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*** Fotos cedidas pelo site oficial do Milton Neves: www.miltonneves.com.br
*** Colaboração e Reportagem Rafael de Almeida Leitão

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